JOÃO DINIZ
(Belo Horizonte, Minas Gerais)
Trans-arquiteto, poeta, músico, artista plástico.
Autor de livros de arquitetura, fotografia e poesia.
Professor no curso de arquitetura da Universidade Fumec.
MELLO, Regina. Antologia de Ouro III. Museu Nacional da Poesia – Organização. Belo Horizonte : Arquimedes Edições, 2014. 136 p.
15 x 21 cm. ISBN 978-85-89667-50-0
Ex. bibl. Antonio Miranda, exemplar enviado por Regina Mello.
Poesia visual do poeta e arquiteto João Diniz:
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Porta
preso do lado de fora
perdido no espaço denso
sem antes ou agora
e tudo de repente muda
ao achar em si a chave
e abrir a porta
detido no interior do medo
paredes de sombra e ódio
silêncio nas trevas tristes
foi quando veio o vento
com seu frescor da hora
e abriu a porta
tudo era desencontro
conversa sem idioma e fala
sem acordo ou palavra
quando de súbito uma voz
negando o verbo do mal
faz abrir a porta
Janela
gemidos da natureza frágil
volúpias de acrobatas tontos
fumaças do produzir aflito
abismos do desejar volátil
perigos do afirmar silente
procuras do duvidar constante
misérias do dominar humano
carências do possuir mandante
passam por esta janela
cenários do encontrar distante
destinos de separara amantes
desejos de atravessar limites
saudades de aproximar estranhos
passam por esta janela
vestígios do existir passado
promessas que hão de vir mudadas
enganos a dirigir pessoas
avanços a calcular o passo
mentiras a entreter otários
problemas a resolver no tempo
distâncias do entender vencidas
bloqueios do caminhar ousado
passam por esta janela
*
MELLO, Regina. Antologia de Ouro IV. Museu Nacional da Poesia / Organização Regina Mello. Belo Horizonte, Arquimedes Edições, 2016. 160 p. 15 x 21 cm. ISBN 978-85-89667-56-2
Ex. bibl. Antonio Miranda, enviado pela editora.
poço
é o seguinte o negócio
está tudo um osso
e faço o que posso
para que seja nosso
esse querido troço
e mais vale um ócio
para deixar a fossa
que esse papo de sucesso
fracasso ou progresso
nesse jogo eu passo
e sem fazer promessas
vamos seguir o passo
e sair desse poço
sem asco ou cansaço
isso é tudo que peço
gesto
fotografou mas não viu
falou mas não pensou
leu mas não entendeu
soou mas não ouviu
tratou mas não confiou
chamou mas não esperou
bebeu mas não saciou
comeu mas não digeriu
um gesto não garante o resto
riu mas não gostou
parou mas não descansou
viajou mas não saiu
orou mas não acreditou
plantou mas não regou
colheu mas não comeu
tocou mas não sentiu
nasceu mas não viveu
um festo não garante o resto
*
MELLO, Regina. Entre o Samba e o Tango. Organização: Regina Mello e Olga Valeska. Belo Horizonte, MG: Munap e Arquimedes, 2018. 160 p. 15 x 21 cm. Diagramação e arte final: Eugênio Daniel Venâncio. Fotos: Israrel Ferreira. Produção Museu Nacional de Poesia. ISBN 978-85-89667-57-9
Ex. bibl. Antonio Miranda, enviado por Regina Mello.
canção latina em dois tempos
pai nossa aqui na terra
humanizado é o seu nome
venha nós em bom diálogo
e que se realizem os bons desejos
os do corpo e os do espírito
e que possamos dividir toda a alegria
desfazendo inimizades
para que todas miséria se desfaçam
e que as tentações não sejam fatais
as conhecidas e as que vão mais
além...
*
entre os dois
longos rápidos
no rosto na testa
nos lábios loucos
entre línguas na mão: chegando
ateando fogo no corpo: volúpia
acendendo a alma: encanto
da paixão ao amor: proposta
do carinho à amizade: descoberta
paterno materno fraterno
de judas de cinema de surpresa
roubado secreto partido
público falso verídico
na face da humanidade
o beijo
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DINIZ, João. O livro das linhas. Belo Horizonte, MG:
Caravana, 2020. 87 p. ISBN 978-65-87260-11-2
Decatória de João Diniz, no presente exemplar do livro,
para Antonio Miranda:
Fragmentos de poemários:
linha do horizonte
gemidos da natureza frágil
volúpias de acrobatas tontos
fumaças de produzir aflito
abismos do desejar volátil
perigos do afirmar silente
procuras do duvidar constante
misérias do dominar humano
carências do possuir mandante
passam por esta janela
cenários do encontrar distante
destinos de separar amantes
desejos de atravessar limites
saudades de aproximar estranhos
passam por esta janela
vestígios do existir passado
promessas que hão de vir mudadas
enganos a dirigir pessoas
avanços a calcular o passo
mentiras a entreter otários
problemas a resolver no tempo
distâncias do entender vencidas
bloqueios do caminhar ousado
passam por esta janela
linha do corpo
mão própria
em corpo alheio
entrega o tato
carícias plenas
instante jato
invade a pele
desejado poema
escrito de leve
um toque um pacto
membro que atreve
avistar na treva
úmida cavidade
choque contato
raio imediato
eterno e breve
doce dilema
longa suavidade
que logo invade
gesto senso exato
realidade utópica
esquema delicado
valeu ao que veio
mão própria
em corpo alheio
linha da vida
nenhum amor é qualquer
qualquer amor é algum
algum amor é melhor
bem melhor que nenhum
quem ama já é um
e um mais um é maior
ame do jeito que for
ame do jeito que der
amor de homem de mulher
amor tímido ou de ator
amor líquido ou a vapor
amor de plantar e colher
amor prato ou colher
amor breve ou durador
*
Página ampliada em setembro de 2024
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Página ampliada em fevereiro de 2021
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